Exame poderá ser feito inicialmente por moradores da capital paulista ao custo de R$ 90 – para quem for à instituição para a coleta
O Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da Universidade de São Paulo (USP) disponibilizou desde terça-feira (01) um teste capaz de diagnosticar a COVID-19 pela saliva.
O exame poderá ser feito inicialmente por moradores da capital paulista ao custo de R$ 90 – para quem for à instituição para a coleta da amostra de saliva – ou de R$ 150 – para quem optar por fazer a autocoleta e enviar a amostra para análise por um serviço de retirada e entrega disponibilizado pelo centro.
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“Inicialmente realizaremos no máximo 90 testes por dia [por ordem de cadastro], cujos resultados serão disponibilizados em até 24 horas”, diz à Agência FAPESP Maria Rita Passos-Bueno, pesquisadora do CEGH-CEL e coordenadora do projeto.
Os interessados em realizar o teste, devem se cadastrar pelo site. No formulário será possível escolher entre fazer a coleta presencial no CEGH-CEL (situado na rua do Matão, travessa 13, no. 06, Cidade Universitária, Butantã) ou a auto-coleta.
O método
O método é uma alternativa ao exame de RT-PCR, considerado o padrão-ouro para detectar o novo coronavírus durante a fase aguda da infecção, e similar aos já desenvolvidos no Brasil e em outros países com o objetivo de aumentar a disponibilidade e a rapidez e diminuir os custos para realização de testes moleculares por meio de simplificações dos processos.
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Segundo Passos-Bueno, o teste está de acordo com as diretrizes determinadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No Brasil, o laboratório de genômica Mendelics criou e já comercializa um teste similar, e pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) estão desenvolvendo um kit na mesma linha.
“O teste que desenvolvemos tem algumas pequenas diferenças em comparação com os que têm sido comercializados no Brasil e nos Estados Unidos no que se refere aos reagentes utilizados”, afirma Passos-Bueno.
Teste-piloto
O teste é baseado em uma técnica molecular amplamente utilizada para o diagnóstico de doenças infecciosas, como dengue, chikungunya, hepatite A e zika, chamada RT-LAMP (sigla em inglês de transcrição reversa seguida por amplificação isotérmica mediada por alça).
A técnica molecular tem algumas semelhanças com o método RT-PCR, que utiliza como amostras para realização dos testes secreções do fundo da garganta e do nariz. Em ambas as técnicas são induzidas reações para a realização de uma fase de transcrição reversa (RT), na qual o RNA do vírus é transformado em DNA, e uma fase de amplificação, para que o patógeno possa ser identificado.
Porém, o teste RT-LAMP desenvolvido no CEGH-CEL não requer a extração do RNA do vírus para ser detectado, o que é feito no RT-PCR por meio de reagentes importados, que são caros e frequentemente escassos no mercado, dependendo da demanda.
A eliminação da etapa de extração do RNA pelo teste de RT-LAMP é possível pelo rompimento do capsídeo do vírus por aquecimento e adição de uma solução desenvolvida pelos pesquisadores do CEGH-CEL, que estabiliza o vírus para os processos de conversão do RNA viral em DNA e para a amplificação do material genético do vírus para facilitar a detecção na saliva.
Todo esse processo ocorre em temperatura constante, por um método chamado amplificação isotérmica mediada por alça (LAMP, na sigla em inglês). O teste foi realizado duas vezes por semana em 25 funcionários do IQ-USP e 30 pessoas ligadas ao IB-USP. O trabalho foi apoiado pela FAPESP e pela empresa JBS.