Chegou ao fim a contagem regressiva para o pouso da sonda que colocará o veículo semi-automatizado Perseverance, da Nasa, a agência espacial norte-americana, em solo marciano. O pouso ocorreu na última quinta-feira quinta feira (18), às 18h15 (horário de Brasília).
Marte está atualmente a 126 milhões de milhas da Terra. Os sinais de rádio, viajando na velocidade da luz, levam mais de 11 minutos para viajar de lá para cá. Isso significa que quando a mensagem anunciando o início da sequência de pouso chegou à Terra, o rover já estava em Marte há quatro minutos. A única incerteza era se ele havia chegado com segurança inteira ou se espatifado em pedaços.
A Perserverance pousou no que já foi, um dia, o delta de um rio. A região é conhecida como Cratera de Jezero.
A Perseverance é um robô cheio de tecnologias enviado para pesquisar solo e atmosfera do planeta vermelho. Além de avançar nos conhecimentos sobre a geologia de Marte, a missão tem por objetivo procurar sinais de vida antiga no planeta vizinho. Para isso, carrega sete instrumentos com o que há de mais avançado em termos de imagens, análises químicas e de minérios, além de espectrômetros e outras tecnologias. Entre os experimentos que serão conduzidos pela Perseverance está a produção artificial de oxigênio na atmosfera de Marte.
A meta é ampliar os conhecimentos sobre o planeta, de forma a viabilizar futuras explorações. A Perseverance pesa por volta de uma tonelada. Ela tem cerca de 3 metros de comprimento, 2,7 metros de largura; e 2,2 metros de altura – medidas equivalentes a um pequeno carro popular.
A chegada da sonda Perseverance, que foi autônoma durante grande parte do processo de pouso na superfície do planeta, pode ser vista na íntegra diretamente do centro de controle da Nasa. O Ministério de Ciência e Tecnologia também acompanhou, em tempo real, a chegada do veículo.
Engenhosidade
A Perseverance carrega outra inovação, além dos equipamentos avançados de análise científica. É o drone Ingenuity (Engenhosidade, em tradução livre) – um pequeno helicóptero, também semi-autônomo, que será a primeira aeronave a voar fora do planeta Terra. O veículo será usado para avaliar terrenos e guiar, a partir de análises aéreas, possíveis rotas otimizadas para veículos terrestres. O pequeno helicóptero também é equipado com câmeras e lentes específicas para a atmosfera repleta de partículas sólidas flutuantes, como a encontrada em Marte.
Segundo a missão de controle da Nasa, fotos em alta resolução da Perseverance devem começar a chegar ainda hoje. A agência divulgou a primeira imagem capturada pela Perseverance em redes sociais. Na mensagem, a equipe brinca com o termo “Hello World”, jargão usado em testes de funcionamento de programação, e afirma “Minha primeira observação da minha casa pela eternidade.”
O Perseverance irá perfurar amostras de rocha, selá-las em tubos e depois jogá-las na superfície. Um rover posterior, da Agência Espacial Europeia, irá refazer o caminho do Perseverance para pegar os tubos e transferi-los para um pequeno foguete que irá decolar para o espaço. As amostras serão então transferidas para outra espaçonave em órbita ao redor de Marte para a viagem de volta à Terra, em algum momento no início de 2030.
Perseverança foi o terceiro visitante robótico da Terra a chegar ao planeta vermelho neste mês. Na semana passada, duas outras espaçonaves, Hope dos Emirados Árabes Unidos e Tianwen-1 da China, entraram em órbita ao redor de Marte.
Voar em Marte não é um empreendimento trivial. Não há muito ar para gerar sustentação. Na superfície de Marte, a atmosfera é apenas 1/100 da densidade da Terra. Outro problema diagnosticado é o ar rarefeito, que pode ser um problema para que espaçonaves possam decolar. Ao que tudo indica, a experiência em Marte ainda guarda surpresas.