quarta-feira, junho 7, 2023
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IBGE: vegetação nativa teve maior redução de 2000 a 2018 no PA e em MT

Diante do avanço das atividades produtivas – principalmente agricultura, pecuária e silvicultura – as vegetações nativas de algumas unidades da Federação sofreram significativa perda ao longo do período 2000-2018. O Pará teve uma redução de 118.302 quilômetros quadrados (km²) de vegetação nativa, seguido de Mato Grosso, com redução de 93.906 km².

Os dois estados foram os que mais perderam vegetação nativa (florestal e campestre), segundo o Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra: estatísticas desagregadas por UF, divulgado hoje (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a pesquisa, a dinâmica de perda de vegetação nativa em Mato Grosso corresponde, principalmente, à substituição de vegetação florestal por áreas agrícolas, de pastagem com manejo e de mosaicos florestais (áreas caracterizadas por ocupações mistas), e de vegetação campestre por áreas agrícolas e de pastagem com manejo.

De 2000 a 2018, Mato Grosso foi o estado que teve a maior expansão da área agrícola, com acréscimo de 50.616 km². Principal fronteira agrícola do país, o estado foi o segundo entre as unidades da Federação com maior aumento de área de pastagem com manejo, com 45.449 km².

“O maior avanço da área agrícola está no norte de Mato Grosso, na região de Sinop”, disse o responsável pelo monitoramento, Fernando Dias.

Conforme o levantamento, a dinâmica de perda de vegetação nativa no Pará corresponde, principalmente, à substituição de vegetação florestal por áreas de pastagem com manejo e de mosaicos florestais.

De 2000 a 2018, o Pará teve expansão de 83.400 km² de pastagem com manejo, a maior entre os estados. Nesse período, a vegetação florestal também foi substituída por mosaicos florestais em uma área de 58.890 km².

“O Pará tem a característica de ser um estado grande. Essa substituição da vegetação florestal por pasto com manejo ocorreu principalmente entre 2000 e 2010 na parte leste”, afirmou o pesquisador do IBGE.

Bahia, Piauí e Maranhão responderam por 91,74% do aumento de áreas agrícolas no Nordeste de 2000 a 2018, que ocorreu, principalmente, sobre áreas de vegetação campestre na região denominada Matopiba (onde os três estados se encontram e também com o Tocantins).

No mesmo período, São Paulo foi o segundo entre as unidades da Federação com maior acréscimo de áreas agrícolas, com 22.290 km². Em 2018, Minas Gerais apresentava a maior área de silvicultura (principalmente plantio de eucalipto) do país, representando 22,97% do total do território nacional ocupado por essa classe de atividade.

Goiás é o terceiro estado com maior acréscimo de área agrícola do país, com 19.619 km² ,e Mato Grosso do Sul, primeiro entre as unidades da Federação em aumento de área de silvicultura, com 7.545 km².

Segundo o IBGE, a conversão de pastagem com manejo para área agrícola é um método habitual entre os produtores brasileiros. A dinâmica de ocupação em áreas florestais segue uma sequência, primeiro com retirada da vegetação nativa, seguida da implantação de pastagens e, depois de alguns anos, a introdução de áreas agrícolas.

Dias acrescentou que quando a área começa a ter melhor acesso, como uma estrada de terra ou asfaltada, observa-se a introdução da agricultura.

Nas regiões de Cerrado, Caatinga, Pampa, segundo o pesquisador, é possível verificar comumente a retirada da vegetação campestre para a implantação mais imediata da agricultura.

Em 2018, as áreas agrícolas ocupavam 40,82% da superfície do estado de São Paulo, 35,99% do Rio Grande do Sul e 35,92% do Paraná. No caso da pecuária, as pastagens com manejo ocupavam 44,79% da área do estado de Goiás, 41,98% de Mato Grosso do Sul e 29,85% de Rondônia em 2018.

Em termos de vegetação nativa, no mesmo ano, os estados que apresentam as maiores proporções de cobertura florestal em relação a sua área total foram Amazonas (91,71%), Acre (86,57%) e Amapá (78,87%). As maiores proporções de vegetação campestre (que inclui a flora típica do Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal) estão em Tocantins (61,73%), Piauí (58,72%) e no Rio Grande do Norte (58,35%).

Esta é a primeira vez que o IBGE divulga a contabilidade do uso da terra para as unidades da Federação, com dados dos anos de 2000, 2010, 2012, 2014, 2016 e 2018.

Desmatamento em queda

Após críticas de entidades internacionais, como a ONU, e de fundos de investimentos de países como Noruega e Alemanha, o governo brasileiro tem tentado diminuir o desmatamento em áreas de conservação.

Em janeiro deste ano, por exemplo, houve redução nos alertas de desmatamento na Amazônia Legal, com o menor pico dos últimos quatro anos, com uma redução de 70% em relação a janeiro de 2020. A informação foi divulgada hoje (12), em Brasília, pelo Ministério da Defesa, com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo a pasta, nos últimos seis meses, os avisos de desmatamento tiveram redução de 21%.

“Entre agosto de 2020 e janeiro de 2021 foram 988 km² [quilômetros quadrados] de redução em alertas, de acordo com dados do Inpe. A título comparativo, trata-se de uma área superior à área urbana da cidade de São Paulo – maior centro urbano do país com aproximadamente 950 km²”, informou o Ministério da Defesa.

A pasta acrescentou que esses dados demonstram “o bom desempenho” do trabalho integrado coordenado pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal na região, principalmente por meio da Operação Verde Brasil 2.

Do início da operação, em maio de 2020, até janeiro deste ano, foram apreendidos 331 mil metros cúbicos de madeira, 1.699 embarcações, 326 tratores e 20 aviões/helicópteros, resultando na aplicação de 4.842 multas no valor total de R$ 3,33 bilhões.

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