Cerca de 25 pessoas mais velhas do país vizinho foram interiorizadas para Nova Iguaçu (RJ)
Desde o início da Operação Acolhida, coordenada pelo Governo Federal, 44 mil venezuelanos foram interiorizados em diferentes estados brasileiros, com o propósito de ter um recomeço de vida com dignidade, liberdade e oportunidades. Nesta semana, 25 idosos foram interiorizados no município de Nova Iguaçu (RJ), como divulgou o Ministério da Cidadania na quinta-feira (26).
A coordenadora do Subcomitê Federal de Acolhimento, Niusarete de Lima, destaca a dificuldade para o acolhimento de venezuelanos idosos. “…Difícil conseguirmos oferecer a pessoas idosas novas oportunidades em outros municípios para além de Roraima.”
“Então, quando um município se dispõe a receber um grupo de idosos para acolhimento e inclusão nos bens e serviços locais, temos que valorizar e agradecer aos gestores por isso”, afirma.
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Em parceria com o ACNUR e o município de Nova Iguaçu (RJ), alguns dos venezuelanos desse grupo embarcaram em voo fretado pela Força Aérea Brasileira nesta quarta-feira (25.11). Os demais irão para o destino final em uma próxima etapa. Os 50 venezuelanos serão recebidos no acolhimento emergencial cofinanciado pelo Ministério da Cidadania.
Noel Antonio Rodriguez, de 67 anos, foi um dos selecionados para fazer parte do grupo de interiorizados. Ele conta que veio sozinho da Venezuela e ficou dois anos em Boa Vista, em um dos abrigos oferecidos pela Operação Acolhida. “Nunca fiquei tão feliz com essa oportunidade que estão me dando”, diz, empolgado, minutos antes do voo.
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“Os brasileiros sempre me trataram bem e agora estamos indo para o Rio de Janeiro. Estou muito alegre. Quero trabalhar por minha conta, ser empreendedor, quem sabe vender cachorro quente, estou animado” externou.
Jesus Conceição Romero, de 78 anos, tem história similar. Ele atravessou sozinho a fronteira e enxerga na interiorização uma oportunidade de trazer a família, que ainda vive na Venezuela.
“Estou tranquilo para viajar. Vou matar a saudade de quando viajava de Caracas para todos os lugares na Venezuela, mas estou mais feliz porque esse voo está nos levando para uma nova vida. Quero trabalhar e trazer minha família para perto”, afirma Jesus.
A coordenadora Niusarete pontua “Sabemos que ainda temos muito a caminhar no fortalecimento das nossas políticas públicas para as pessoas idosas brasileiras, mas ser uma pessoa idosa fora do seu país de origem, numa situação onde não se conhece nada, sequer o idioma, é muito difícil”.
O ACNUR
O trabalho do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, no Brasil é pautado pelos mesmos princípios e funções que em qualquer outro país, como proteger os refugiados e promover soluções duradouras para seus problemas. O refugiado dispõe da proteção do governo brasileiro e pode, portanto, obter documentos, trabalhar, estudar e exercer os mesmos direitos que qualquer cidadão estrangeiro legalizado no país.
O Brasil sempre teve um papel pioneiro e de liderança na proteção internacional dos refugiados. Foi o primeiro país do Cone Sul a ratificar a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, no ano de 1960. Além do mais, a nação brasileira é internacionalmente reconhecido como um país acolhedor. Mesmo assim, muitas pessoas refugiadas encontram dificuldades para se integrar à sociedade brasileira.
A Agência da ONU para Refugiados no Brasil tem seu escritório central em Brasília e unidades descentralizadas em São Paulo (SP), Manaus (AM) e Boa Vista (RR). O ACNUR atua em cooperação com o CONARE e em coordenação com os governos federal, estaduais e municipais, além de outras instâncias do Poder Público. Convém lembrar que o ACNUR atua em parceria com a Operação Acolhida em Roraima.