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Fiocruz alerta sobre aumento de casos e óbitos decorrentes de covid-19

Entidade critica fato de governantes e população agirem como se a pandemia já estivesse acabado

O aumento de casos e óbitos de covid-19 no Brasil entre 8 e 21 de novembro ainda não pode ser chamado de segunda onda, mas deve servir de alerta para reforçar o sistema de saúde, avalia o Boletim Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O texto pede atenção na análise dos dados, já que as semanas estudadas sucedem um período em que houve defasagem nos registros, no contexto dos ataques cibernéticos sofridos por órgãos federais.

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Ainda não se pode afirmar que o Brasil vive uma segunda onda da pandemia, mas a inversão da tendência de redução desses indicadores [de casos e óbitos] deve servir como alerta para todo o sistema de saúde, no sentido de reforçar a infraestrutura hospitalar e intensificar ações de atenção primária integrada à vigilância“, afirma o boletim.

O boletim ainda reitera a importância de combinar o distanciamento social à realização de testes para a identificação ativa de casos e contatos, com isolamento dos casos e quarentena dos contatos.

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A Fiocruz avalia ainda que “a combinação dos problemas no fluxo de dados e o aumento súbito do número de casos deve ser tratada com bastante atenção, pois significa que no momento atual podemos ter um quadro de indicadores que efetivamente não reflete a realidade, agravado pela ausência de testes e de busca ativa de casos e contatos“.

Entre 8 e 21 de novembro, foi observada tendência de alta na incidência da doença nos estados do Amapá, Rio de Janeiro, de São Paulo, do Paraná e de Santa Catarina. Já o número de óbitos sofreu “aumento expressivo” em Roraima (+7,9%), Minas Gerais (+6,6%), no Rio de Janeiro (+10,1%), em São Paulo (+7,7%), no Rio Grande do Sul (+5,2%) e em Goiás (+7,5%).

A Fiocruz aponta que a incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no país voltou a crescer e “revela um quadro preocupante“. As taxas mais altas no período ocorreram em Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, no Distrito Federal, Paraná, em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

A ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva para covid-19, segundo o boletim, continuou em uma tendência de piora, com Amazonas (86%) e Espírito Santo (85,1%) na zona de alerta crítica. A situação piorou na Bahia (61,1%), em Minas Gerais (64,5%), no Rio de Janeiro (70%) e em Santa Catarina (78,1%), e esses estados voltaram para a zona crítica intermediária.

O Boletim

O boletim é realizado por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da instituição, voltada para o estudo da covid-19 em suas diferentes áreas, e divulgado quinzenalmente pela Fiocruz.

O estudo apresenta um panorama do cenário epidemiológico da pandemia com indicadores-chave, tais como de taxa de ocupação e número de leitos de UTI para Covid-19, além de dados de hospitalização e óbitos por SRAG, que incluem casos severos de Covid-19.

O estudo ainda traz uma matéria especial abordando aspectos estratégicos para o enfrentamento da doença. Nesta edição o tema é Os muitos desafios da Covid-19 ao sistema de saúde.

E foi realizada logo após as semanas epidemiológicas 44 e 45, quando houve interrupção na inserção de registros no Sivep-Gripe e, consequentemente, defasagem dos registros nos sistemas de informação, a análise destaca que o número de casos deve ser tratado com bastante atenção, já que até momento o quadro de indicadores não reflete a realidade atual.