A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou, nesta sexta-feira (12), decisões importantes para tentar conter o avanço da pandemia no Brasil. A primeira delas é o registro da vacina de Oxford e sua produção em larga escala no país. Em seguida, falou também sobre a aprovação do primeiro medicamento com indicação em bula para tratamento de pacientes infectados pela covid-19, o antiviral Rendesivir.
A mesma medicação, da biofarmacêutica americana Gilead Sciences, também foi aprovada no ano passado para uso como medicamento oficial para o tratamento da covid-19 pela Food and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano equivalente à Anvisa. Já a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou no ano passado que o remédio não tem eficácia comprovada contra o novo coronavírus, mesmo se aplicado precocemente.
A gestão do governo Jair Bolsonaro tem apostado em remédios que não apresentam eficácia contra a doença. O presidente defendeu o uso de medicamentos como a cloroquina e a ivermectina.
Vacina de Oxford
No anúncio, o gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da agência, Gustavo Mendes, disse que a Anvisa também concedeu o registro definitivo à vacina da AstraZeneca/Oxford, que já tinha autorização para uso emergencial no país, assim como a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo.
O primeiro imunizante a obter o registro definitivo no Brasil foi o da Pfizer. Com a liberação, a vacina do consórcio AstraZeneca/Oxford terá uma etapa de produção no Brasil, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A autorização permite que a vacina seja aplicada em maiores de idade.
Desenvolvimento de vacinas
Para ser aprovada, a vacina precisa passar por estágios de desenvolvimento. O estágio inicial é feito em laboratório, com análise do vírus e de moléculas para definição da melhor composição do produto, explica a Anvisa.
Depois, a vacina é testada em animais, que são expostos ao agente causador da doença. Na etapa de estudos clínicos com três fases, são feitos testes em humanos desde que se tenha dados preliminares de segurança e possível eficácia.
Para liberar o registro do imunizante, técnicos especializados da Anvisa revisam todos os documentos para validar a segurança da vacina.
Salto na média de mortes
O Brasil vive um dos seus piores momentos na pandemia. Enquanto parte da população se recusa a seguir as medidas restritivas, como isolamento social, higienização das mãos e utilização da máscara facial, o número de mortes cresce assustadoramente. Em paralelo, hospitais públicos e privados de todo país já não conseguem mais suportar a demanda de casos. Leitos de UTI estão abarrotados e sem vagas para novos enfermos.
O número de mortes diárias por covid-19 chegou ontem (11) a 1.702, segundo a média móvel de sete dias divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Isso representa aumentos de 60,9% em relação a um mês antes, quando foram registrados 1.058 óbitos, e de 48,2% na comparação com 14 dias antes (1.148 mortes).
A média diária de mortes vem batendo recordes consecutivos há 16 dias. O número registrado ontem pela Fiocruz está 55,2% acima do pico em 2020 (1.096 óbitos, notificados em 25 de julho).
A média móvel de sete dias é calculada por meio da soma dos casos registrados no dia e nos seis dias anteriores e da divisão do total por sete. Por isso, os números divergem daqueles apresentados pelo Ministério da Saúde, que apresenta apenas o número de óbitos registrados em um dia específico.
O número de casos, de acordo com a média móvel de sete dias, também apresentou volume recorde ontem: 69.140 – 34,5% acima de 14 dias antes (51.405 casos) e 52,4% a mais do que o registrado um mês antes (45.373).