Segundo IBGE, serviços avançam 6,3%, mas ainda não recuperam perdas da pandemia
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,7% no terceiro trimestre, na comparação com o segundo trimestre, maior variação desde o início da série em 1996, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia. Com o resultado, a economia do país se encontra no mesmo patamar de 2017. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado nesta quinta-feira (3) pelo IBGE.
A Indústria cresceu 14,8% e os Serviços aumentaram 6,3%, enquanto a Agropecuária ficou em -0,5%. Na comparação com igual período de 2019, o PIB, que é soma dos bens e serviços finais produzidos no país, teve retração de 3,9% e, em valores correntes, chegou a R$ 1,891 trilhões, sendo R$ 1,627 trilhão em Valor Adicionado a Preços Básicos e R$ 264,1 bilhões em Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios.
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“Crescemos sobre uma base muito baixa, quando estávamos no auge da pandemia, o segundo trimestre. Houve uma recuperação no terceiro, contra o segundo trimestre, mas se olharmos a taxa interanual, a queda é de 3,9% e no acumulado do ano ainda estamos caindo...”, destaca a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
O terceiro trimestre está 4,1% abaixo do quarto trimestre de 2019, antes dos impactos da pandemia. No trimestre, a expansão do PIB foi causada, principalmente, pelo desempenho da Indústria, com destaque para o crescimento de 23,7% no setor de Transformação. Também houve altas em Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (8,5%), Construção (5,6%) e Indústrias extrativas (2,5%).
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Serviços avançam 6,3%
Outro destaque foi o setor de Serviços, que têm o maior peso na economia, e apresentou crescimento em todos os segmentos: Comércio (15,9%), Transporte, armazenagem e correio (12,5%), Outras atividades de serviços (7,8%), Informação e comunicação (3,1%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (2,5%), Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%) e Atividades imobiliárias (1,1%).
“Os serviços caíram 9,4% no segundo trimestre e agora cresceram 6,3% no terceiro trimestre. Mas não recuperou o patamar do primeiro trimestre, porque houve uma queda tanto na oferta quanto na demanda. […] As pessoas ainda ficam receosas para consumir, principalmente os serviços prestados às famílias, como alojamento, alimentação, cinemas, academias e salões de beleza.”, destaca Rebeca.
Quanto à variação negativa de 0,5% na Agricultura, Rebeca diz se tratar de um ajuste de safra. “O destaque é o crescimento de 2,4% no acumulado do ano, ante uma queda de 5,1% a Indústria e 5,3% dos Serviços”, diz Rebeca.
Consumo das famílias cresce 7,6%
Pela ótica da despesa, o que mais pesa é o consumo das famílias (65%), que teve expansão de 7,6%, num patamar muito parecido com o do PIB, destaca Rebeca. Ela observa que o indicador havia caído 11,3% no segundo trimestre, mas no terceiro o consumo de bens subiu bastante – especialmente bens duráveis e bens alimentícios da cadeia agroalimentar.
Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) cresceram 11%. Mas segundo Rebeca esse desempenho está relacionado à base de comparação com o segundo trimestre em que havia caído 16,5%. “No acumulado do ano, a queda é de 5,5%. E o país ainda tem investimento em equipamentos importados e como o dólar está alto, influencia para baixo”, diz Rebeca.
No que se refere ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços tiveram queda de 2,1%, enquanto as Importações de Bens e Serviços caíram 9,6% em relação ao segundo trimestre de 2020. Segundo Rebeca, um dos fatores é o câmbio.