Em Portugal, ministra declarou apoio ao acordo entre blocos
As ministras Maria do Céu Antunes (Portugal) e Tereza Cristina (Brasil) apontaram os ganhos que os dois blocos terão com o acordo em negociação entre Mercosul e UE.
Segundo Maria, o acordo melhorará os negócios entre os países do bloco, com maior previsibilidade e transparência de regras. “Permitirá ainda, e para nós isso é muito importante, um compromisso de todas as partes com os objetivos de desenvolvimento sustentável a proteção do meio ambiente e da biodiversidade e no respeito pelos direitos laborais e sociais”, disse a ministra portuguesa.
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A ministra Tereza Cristina também defendeu a aprovação do acordo Mercosul-UE. Ela citou melhores condições econômicas, qualidade de vida para os cidadãos, geração de emprego e renda, fortalecimento da preservação ambiental e redução das emissões de gases de efeito estufa.
“É preciso dizer que o acordo não representa qualquer ameaça ao meio ambiente, à saúde humana e aos direitos sociais. Ao contrário, reforça compromissos multilaterais e agrega as melhores práticas na matéria”, disse.
Tereza Cristina disse ainda contar com apoio de Portugal para o acordo avançar. “Esperamos, portanto, que as vozes mal-intencionadas que atacam o acordo não prevaleçam sobre nosso interesse mútuo de promoção do desenvolvimento sustentável. Contamos com o apoio do povo português para que nosso acordo entre em vigor no menor prazo possível”.
O apoio de Portugal à rápida aprovação do acordo entre os dois blocos também foi ressaltado pelo secretário de Estado da Internacionalização de Portugal, Eurico Brilhante Dias. O secretário português disse que o Acordo Mercosul União Europeia é um dos mais desenvolvidos e com um capítulo mais robusto no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável.
“Por isso, não é apenas um acordo de interesse entre as duas partes. Os avanços conseguidos neste capítulo são importantes e devem ser valorizados muito positivamente no quadro do acordo que foi possível”. Afirmou o secretário.

Foto: Nuno Antão – Ministério da Agricultura/ Reprodução
Agropecuária brasileira
A ministra brasileira destacou dados da evolução da produtividade e sustentabilidade da agropecuária brasileira nos últimos anos, entre eles que a produção de grãos cresceu 425% desde a década de 70, enquanto a área plantada aumentou somente 43%. Com isso, cerca de 123,7 milhões de hectares de território brasileiro deixaram de ser usados pela atividade agrícola (efeito poupa-terra).
Além disso, o Brasil utiliza apenas 30% de seu território para a agropecuária, mantendo mais de 60% com vegetação nativa, de acordo com o Código Florestal que prevê que 20% a 80% da vegetação nativa das propriedades rurais devem ser preservadas, dependendo do bioma.
Pandemia e desafio mundial
Tereza Cristina ressaltou ainda que a agropecuária brasileira não parou durante a pandemia, garantindo o abastecimento interno e as exportações. Entre janeiro e setembro de 2020, as exportações brasileiras do agronegócio somaram US$ 77,89 bilhões, o que representou crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período em 2019.
Já a ministra de Portugal, destacou o desafio mundial de aumentar a produção de alimentos em cerca de 70% até 2050 para garantir o acesso adequado aos alimentos. A administradora da Aicep Portugal Global, Madalena Oliveira e Silva, disse também, que Portugal quer aumentar as exportações para o Brasil.
No primeiro semestre deste ano, as exportações de Portugal para o Brasil tiveram recuo de 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado, e as importações aumentaram 92%.
Os produtos agrícolas e alimentares representaram, em 2019, 60% do peso das exportações portuguesas, equivalente a 453 milhões de Euros e no primeiro semestre de 2020, o peso foi de 55% correspondendo a 190 milhões. Em relação às importações, o crescimento foi de 17,5% no primeiro semestre.
O embaixador do Brasil em Portugal, Carlos Alberto Simas Magalhães, ressaltou a importância da relação comercial entre os dois países e disse que os negócios no setor agrícola entre os dois países merecem uma renovação.